Como Instalar Culturas para a Fauna?

Luís Miguel Reino
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Já muito se falou de culturas para fauna e dos seus benefícios na gestão dos recursos animais. Aqui fica mais uma perspectiva do tema, desta vez direccionada para os aspectos técnicos e práticos da implementação desta medida de ordenamento.

Um dos aspectos mais importantes para uma boa gestão dos recursos animais, através da utilização de culturas para a fauna, é o cuidado que os gestores devem ter na instalação destas culturas. Frequentemente, os gestores utilizam culturas pouco apropriadas ou estas são, tecnicamente mal instaladas, o que se traduz em perdas económicas, por vezes com consequências nefastas para o habitat que se pretende gerir. Os principais cuidados a ter em conta são os seguintes: 
 
. as culturas seleccionadas devem servir os objectivos do gestor;


. os locais escolhidos devem ter solos, relevo e topografia adequados para o sucesso das culturas;


. no caso de existir gado ou muitos coelhos deve-se ponderar a hipótese de proteger as culturas (por exemplo, com vedações de rede);


. a área a ocupar pelas culturas e a sua forma devem ser função das espécies que se pretende gerir e das dimensões da zona sob gestão.


Por exemplo, uma cultura pode ser adequada para proporcionar coberto de abrigo, mas ser pouco ajustada para melhorar a disponibilidades alimentares (veja-se o artigo sobre a utilização das culturas para a fauna para gerir os recursos alimentares). As culturas deverão proporcionar recursos adicionais às espécies que se pretende gerir, recursos esses que são limitantes. Caso contrário, as medidas consideradas de gestão poderão ter efeitos contrários aos pretendidos.
 
Um dos problemas com que os gestores se deparam nas operações de instalação das culturas para a fauna prende-se com decisão sobre qual a área a ocupar pelas novas estruturas e que forma devem ter. Normalmente, os gestores de zonas de caça aplicam faixas em redor dos caminhos, no meio dos montados ou de outros povoamentos florestais, por vezes ocupam os corta-fogos, etc. Frequentemente esta tarefa fica a cargo de um tractorista habilidoso, que pulveriza as áreas sob gestão com faixas variáveis destas culturas. Por vezes, estas faixas são muito estreitas e compridas, o que nem sempre se revela uma boa solução do ponto de vista da gestão da fauna.


Os critérios para decidir qual a superfície a ocupar pelas culturas são algo variáveis. Por exemplo, Borralho et al. (2000) sugerem que, para gerir zonas para a perdiz-vermelha, a área a ocupar pelas culturas pode ir até aos 20% da área total gerida. 


De seguida são indicadas algumas instruções que julgamos de fácil aplicação por parte dos gestores de zonas de caça ou de áreas protegidas com fins conservacionistas, entre outras:


. dever-se-á, em primeiro lugar, estabelecer as insuficiências dos recursos alimentares e de abrigo da área e a(s) espécie(s) a beneficiar; 

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