Veneno de cobra

Maria Carlos Reis
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A simples palavra veneno desencadeia reacções de aversão por todos os animais que o podem produzir. É o caso das cobras, frequentemente associadas a mordeduras venenosas, apesar de apenas 20% das espécies serem capazes de produzir veneno.

O VENENO

Nas cobras, o veneno é uma adaptação evolutiva para imobilização das presas, secundariamente usado para defesa. Uma cobra morde um ser humano apenas quando se encontra assustada ou se sente ameaçada.

Estes venenos são secreções altamente tóxicas, mas que não são mais do que saliva modificada, produzida por glândulas salivares igualmente modificadas. Quando injectado no corpo de uma presa, o veneno imobiliza-o e, muitas vezes, inicia o processo digestivo mesmo antes da deglutição. Cada espécie produz um veneno único, com diferentes componentes e diferentes quantidades de substâncias tóxicas e não tóxicas.

A química dos venenos é complexa. Eles são verdadeiros cocktails de dezenas, centenas de diferentes proteínas enzimáticas, que constituem mais de 90% do composto. São misturas bastante variáveis, cuja complexidade é responsável pela diversidade de efeitos que uma mordedura pode causar. As proteases catalizam as reacções de degradação de tecidos, as fosfolipases actuam sobre a musculatura e os nervos e algumas dissolvem os conteúdos intracelulares, aumentando a velocidade de dispersão do veneno no corpo da vítima. Mas existe um sem número de substâncias, com efeitos tão diversos como o impedimento da coagulação do sangue ou a indução da formação de coágulos, a destruição dos glóbulos vermelhos ou dos glóbulos brancos, a destruição dos vasos capilares, causando hemorragias, a despolarização do músculo cardíaco e alteração das contracções, provocando paragens cardíacas e o bloqueio da transmissão de impulsos nervosos nos músculos, especialmente os associados ao diafragma e à respiração.

 

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