Problema: expansão da área de distribuição do visão-americano
Os resultados deste estudo levam os investigadores envolvidos a recear o futuro. “Tememos que o visão vá conseguir expandir-se mais facilmente por causa da elevada abundância do lagostim”, refere Margarida Santos-Reis. A coordenadora do projecto manifesta duas preocupações perante este cenário: a competição com o toirão e a predação das espécies nativas.
A competição com o toirão é preocupante na medida em que, ao contrário do que acontece com a lontra, esta espécie perde em confronto directo como visão, com o qual partilha os hábitos mais terrestres, o que pode agravar a precária situação das suas populações, que Margarida Santos-Reis acredita já estarem a sofrer um declínio acentuado.
Fig. 6 - Lagostim-vermelho-americano
Por seu lado, a predação de espécies nativas também pode ser considerável. No entanto, neste caso, a elevada abundância de lagostim vermelho americano pode ser benéfica, uma vez que, se os visões tiverem muito lagostim disponível, consomem menos as outras espécies.
“Por isso é que o nosso projecto se chama DILEMA, porque é verdadeiramente um dilema de conservação. Temos duas espécies invasoras: uma delas causa inúmeros impactos em múltiplas espécies da nossa fauna mas, por outro lado, também está a favorecer espécies de carnívoros que dela se alimentam, como a lontra, pese embora poder estar a facilitar a dispersão de um invasor – o visão-americano”, refere Margarida Santos-Reis. “Esta situação cria um problema de conservação complexo no processo de decisão relativo a onde e como actuar”.
Leituras Adicionais
Ficha do Visão-americano
Ficha da Lontra
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