Projecto TytoTagus – Dispersão de Coruja-das-torres no troço superior do Estuário do Tejo e Zonas Adjacentes

João E. Rabaça e Inês Roque, LabOr – Laboratório de Ornitologia da Universidade de Évora
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O TytoTagus é um projecto científico e de divulgação ambiental que pretende estudar a dispersão pós-natal de juvenis de Coruja-das-torres no Estuário do Rio Tejo e zonas adjacentes, uma área de particular importância para esta espécie em regressão.

Porquê o Projecto TytoTagus?

Estudos realizados na área da Ponta da Erva (Estuário do Tejo) sugerem a importância da zona como área de alimentação de juvenis de Coruja-das-torres Tyto alba em dispersão (Tomé 1994, Tomé e Valkama 2001). Não obstante a variação inter-anual registada nos censos, a abundância de corujas pode atingir um máximo de 5 aves/km, ou até 15 aves/km em algumas parcelas. Estes elevados valores de abundância são provavelmente únicos na Europa, e deverão estar relacionados com a composição e estrutura da paisagem, tratando-se essencialmente de terrenos agrícolas e abertos, irrigados por uma complexa rede de valas, localizada no estuário do Tejo, ao longo deste rio e de alguns dos seus afluentes.

Com efeito, a localização da área num estuário poderá justificar a afluência destas aves, funcionando o Rio Tejo e afluentes como corredores ecológicos para os juvenis em dispersão (Tomé e Valkama 2001). Esta hipótese é apoiada pela existência de uma elevada densidade de casais reprodutores a montante, ao longo das margens do Rio Sorraia, tributário que desagua no Tejo precisamente na área da Ponta da Erva (Roque e Tomé 2004). Note-se que o período de dispersão é concomitante com o aumento de densidade de corujas no Estuário do Tejo (Roque 2003, Tomé 1994).

No que se refere à Coruja-das-torres, vários autores referem a tendência dos juvenis em dispersar ao longo dos cursos de água, no sentido de obterem áreas de caça favoráveis (van der Hut et al. 1992, de Bruijn 1994), como consequência da existência de condições de micro-habitat adequadas para as presas (principalmente micromamíferos), asseguradas pela presença de vegetação ripícola (van der Hut et al. 1992).

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