O Centro de Biologia Ambiental e a sua Estação de Campo

Margarida Santos Reis
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O Centro de Biologia Ambiental é uma das mais importantes unidades de investigação nacionais na área do Ambiente, possuindo uma estação de campo que lhe permite efectuar uma investigação a longo prazo com uma importante componente de divulgação ambiental.

O Centro de Biologia Ambiental (CBA) é uma unidade de Investigação & Desenvolvimento criada no âmbito do Programa Ciência com o apoio da Junta Nacional de Investigação Ciêntifica e Tecnológica. Sediada na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa tem como principal domínio de actuação a ecologia e conservação dos ambientes terrestres e dulciaquícolas. De salientar a elevada multidisciplinaridade da investigação desenvolvida, consequência das diferentes especializações dos seus investigadores (bioquímicos, botânicos, limnologistas, entomologistas, ictiologistas, herpetologistas, ornitologistas e mamalogistas). O corpo actual de investigadores inclui 36 doutorados e mais de 50 membros associados (assistentes, bolseiros e investigadores convidados).

O CBA é a instituição responsável por várias dezenas de projectos de investigação em curso, desenvolvidos com colaboração nacional e internacional de outras instituições, públicas e privadas, de investigação e desenvolvimento. As fontes de financiamento são variadas, sendo de destacar o financiamento programático plurianual concedido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, os financiamentos comunitários e a prestação de serviços.

Uma das mais valias do CBA é a sua Estação de Campo situada na Herdade da Ribeira Abaixo - HRA (Freguesia de Santa Margarida da Serra, Concelho de Grândola). Trata-se efectivamente da única unidade de investigação nacional que dispõe de uma infraestrutura deste tipo, garante de uma investigação a longo prazo.

A referida herdade é pertença do Ministério da Agricultura que, através de um protocolo de comodato entre a ex-Direcção Geral de Hidráulica e Engenharia Agrícola e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, cedeu ao CBA permissão para o desenvolvimento de actividades de investigação e para a utilização das infraestruturas aí existentes, por um período de 16 anos renovável. A sua área é de cerca de 221ha, localizando-se na falda nascente da Serra de Grândola entre os 150 e os 240m de altitude.

A HRA é dominada por montado de sobro e azinho (Fig. 1), habitat de elevada expressão em termos nacionais e de elevado interesse para a conservação na perspectiva comunitária.

 


Fig. 1 - Distribuição do sobreiro (Quercus suber) em Portugal e localização da "Herdade da Ribeira Abaixo"


A paisagem dominante da HRA é o montado, com e sem subcoberto, que tem vindo a ser progressivamente abandonado nos últimos 35 anos. Este montado localiza-se na área climácica de Quercion fagineo-suberis, aliança dominada por carvalhos de folha persistente - nomeadamente Quercus suber (sobreiro) e Quercus ilex (azinheira), aos quais se associa Quercus faginea (carvalho cerquinho) que revela alguma influência atlântica (Fig. 2).

 


Fig. 2 - O montado de sobro: paisagem dominante da "Herdade da Ribeira Abaixo"


Algumas destas áreas foram utilizadas como pastagem para gado ovino, caprino e bovino (Fig. 3), enquanto outras estão cobertas por um denso sargaçal (Cistus salvifolius) (Fig. 4), incluido na aliança Cisto - lavanduletae alliance, juntamente com Lavandula stoechas (rosmaninho), Arbutus unedo (medronheiro) e ainda importantes áreas de Rubus ulmifolius (silvas), particularmente junto às margens das linhas de água.

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