Identificação e monitorização de indicadores de biodiversidade em montados

Nuno Cruz António
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Monitorizar eficientemente as alterações na biodiversidade resultantes das acções humanas, é um dos objectivos prioritários da investigação em Ecologia. Conheça melhor aquilo que é feito entre nós neste campo do conhecimento.

Portugal tem estado na linha da frente dos processos internacionais de definição de critérios e indicadores (C&I) para monitorizar a sustentabilidade da gestão e exploração de sistemas florestais. Dos protocolos em que o nosso país tem uma participação activa nestes processos, têm bastante importância as Resoluções H1 e H2 da Conferência Ministerial para a Protecção das Florestas na Europa em Helsínquia, reforçadas nas resoluções L1 e L2, anos mais tarde em Lisboa. O uso de indicadores depende grandemente da escala à qual eles podem ser utilizados. Esta pode ser nacional, regional ou da unidade de gestão (exploração agrícola).

Muitas espécies de fauna e flora que ocorrem no Alentejo são particularmente, importantes do ponto de vista da conservação. A maior parte dos seus habitat são suportados pela actividade dos agricultores. A adesão de Portugal à União Europeia, através da PAC (Política Agrícola Comum), através dos subsídios levou a alterações na gestão de muitas explorações agro-florestais e, consequentemente, dos usos do solo correspondentes a alguns destes habitat.


Neste contexto, um consórcio de equipas de investigação do Centro de Ecologia Aplicada da Universidade de Évora, do Departamento de Investigação Aplicada da Erena, do Centro de Ecologia Aplicada do Instituto Superior de Agronomia e da Divisão de Espécies Protegidas do Instituto de Conservação da Natureza, congregaram esforços que resultaram no Projecto "Ensaio metodológico para a identificação e monitorização de indicadores de biodiversidade em montados de sobro e azinho ao nível da unidade de gestão". O objectivo é identificar unidades ou grupos taxonómicos de animais e plantas (ex: aves) que possam servir de indicadores ambientais, ao nível da unidade de gestão, ou seja, espécies, géneros, famílias, etc., que respondam, de forma mensurável, a alterações na gestão das explorações agrícolas.


As duas primeiras fases, já concluídas, incluíram:

- Uma discussão detalhada das metodologias a utilizar e a sua compatibilização com os programas internacionais de monitorização actualmente vigentes;

- Uma caracterização das parcelas de estudo ao nível do ponto de amostragem e da unidade de gestão. Foram seleccionados aleatoriamente 60 pontos por todo o Alentejo. A área circular, com 1 km de raio, centrada nesse ponto corresponde a um sítio de amostragem. Foi medido um elevado conjunto de variáveis relacionadas com a gestão agrícola e financeira das explorações, bem como da sua própria estrutura;

- Levantamentos no campo de vegetação epífitica, briófitos, líquenes, plantas vasculares, para as plantas, e de aves, insectos saproxílicos (espécies que, durante uma fase do seu ciclo de vida, dependem de madeira morta, fungos arbóreos, etc.) e ropalóceros (borboletas diurnas), para os animais.

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