Por onde andam os Sisões?

João Paulo Silva, Instituto de Conservação da Natureza
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Recordam-se dos sisões que estavam a ser seguidos através de telemetria convencional e por satélite? Pois, na Primavera de 2001 foram marcadas mais algumas aves, cujas viagens vamos passar a seguir regularmente no nosso portal.

A Península Ibérica é referida como sendo de vital importância para o Sisão (Tetrax tetrax), por albergar as populações mais viáveis desta ave, com mais de metade da população mundial. Apesar do seu estatuto de ameaça na Europa, trata-se de uma espécie que se considera mal estudada, sendo fundamental o conhecimento dos diversos aspectos biológicos que possam contribuir para a sua gestão.

Neste sentido surgem os estudos de dispersão, pois sendo uma espécie que pode efectuar movimentos de alguma amplitude e, possivelmente, dependendo de mais do que uma área para a sua sobrevivência, é essencial do ponto de vista da conservação compreender a importância dessas áreas.

Pequeno historial

O estudo da dispersão do Sisão (Tetrax tetrax) em Portugal teve início em Janeiro de 2000 com a captura e radiomarcação com PTT de uma fêmea na ZPE de Campo Maior, baptizada com o nome de Maria Antónia, permitindo o seu seguimento por satélite, no âmbito de um projecto transfronteiriço com a Junta de Extremadura . Os dados provenientes deste seguimento desvendaram, pela primeira vez na Península Ibérica, a capacidade de dispersão, assim como os aspectos relativos à interdependência de áreas, nomeadamente entre Portugal e Espanha (Mapa B).

 


Igualmente no ano de 2000, capturou-se um Sisão macho adulto em Castro Verde, a que demos o nome de Estralador, marcado com um emissor convencional. Desta radiomarcação apenas se ficou a saber que o macho permaneceu no local de captura durante dois dias. Este ano não se confirmou o seu regresso ao local de parada do ano transacto (Mapa A).


Base de dados das Localizações dos Sisões


Os Antónios de Castro Verde


Castro Verde, ao que tudo indica, alberga a população reprodutora de Sisão mais importante do País, por se registarem as maiores densidades de machos conhecidas a nível mundial e por se tratar da maior zona de pseudo-estepe cerealífera de Portugal. Havendo fortes indícios de que se verificam movimentos desta espécie para fora da ZPE de Castro Verde, pelo menos durante a época correspondente ao Verão, promoveu-se, neste ano de 2001, nova campanha de captura e marcação.

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