METODOLOGIA
Foram efectuadas filmagens com uma vídeo câmara digital acoplada de focos de infra-vermelhos, mantendo-a operativa junto ao complexo principal de tocas de um grupo social durante o período de actividade dos animais (anoitecer, noite e amanhecer). As filmagens decorreram na Serra de Grândola (Sudoeste de Portugal), de 25 de Março a 16 de Maio de 2002, tendo o seu início coincidido com a altura em que as crias de texugo emergiram da toca para iniciarem uma fase de exploração e socialização nas imediações da mesma. Durante todo o período de vigilância, o operador encontrava-se no topo de uma árvore de modo a causar o mínimo de perturbação possível aos indivíduos.
Os dados obtidos, num total de 93 horas de vigilância, permitiram estudar interacções comportamentais entre indivíduos pertencentes a um mesmo grupo social e a ontogenia do comportamento das crias.
O nascimento das crias ocorreu no mês de Março e estas mantiveram-se nas tocas até à idade de cerca de oito semanas. Após as primeiras emergências das tocas, os jovens animais mantêm-se em actividade nas imediações das mesmas, o que ocorreu durante os meses de Abril e Maio. Nesta fase, a actividade das crias perfez um total de 26 horas (28% do total de observações) e os adultos obtiveram um total de 15 horas (16% do tempo total de observação) de actividade (Figura 1).
Figura 1
ETOGRAMA
Foram identificados 20 elementos comportamentais, que permitiram proceder à elaboração do etograma. São eles: espreitar, vigiar, explorar, correr/trotar, perseguir em corrida/trote, esgravatar, fugir, “self-grooming”, “allo-grooming”, “mutual-grooming”, recolher camas, marcar um no outro, marcar no chão, defender, “rosnar”, fintar, fintar mutuamente, agredir ritualmente com deslocamentos, agressão ritualmente sem deslocamentos e contacto neutro.