Uso do meio de Perdiz-vermelha

Rui Borralho
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Assim, verificou-se que a densidade primaveril de perdizes foi favorecida pela existência de faixas estreitas de cereal em associação com leguminosas, dispostas em manchas de mato e em áreas recentemente florestadas, pela existência de pousios recentes de cereal e pela implementação de comedouros. Pelo contrário, as zonas de pastagem e as áreas florestadas antigas foram evitadas.


Estes resultados levaram, entre outras medidas, à instalação subsequente de mais faixas de culturas para a fauna em áreas de menor densidade de perdizes, à não intervenção em áreas que tinham tido culturas no ano anterior, de modo a garantir a existência de pousios recentes, e à disposição de mais comedouros e bebedouros nas áreas onde estes eram menos densos.

Como consequência das acções de gestão implementadas, a população de Perdiz-vermelha de Vale de Perditos aumentou cerca de 2.6 vezes da Primavera de 1998 para a Primavera de 1999, atingindo uma densidade de 0.84 perdizes por hectare em Abril de 1999, valor este muito elevado, correspondente à existência de cerca de 2200 aves nos 2620 hectares da propriedade.

Este é um exemplo em que a investigação biológica aplicada se traduz em ganhos reais para as populações em estudo, demonstrando que é possível manter densidades elevadas em áreas caçadas, desde que se faça uma gestão adequada e os números os animais caçados não sejam excessivos. Trata-se de um caso de conservação de uma população de Perdiz-vermelha pelo seu uso sensato.


Bibliografia Adicional

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