Os picanços: a importância das modificações na paisagem e estratégias de gestão do habitat

Luís Miguel Reino
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Maneio do habitat para o picanço-de-dorso-ruivo a nível local

A gestão dos recursos, com o objectivo de melhorar as características qualitativas e quantitativas do habitat desta espécie, deve visar a melhoria geral dos seguintes aspectos físicos e tróficos do meio:

I. incremento dos recursos alimentares, através da gestão activa do habitat;

II. melhoria das condições do coberto de refúgio e de nidificação, por exemplo, através da manutenção de sebes de vegetação;

III. manutenção e criação de poisos naturais e artificiais, de forma a serem criados locais privilegiados de observação dos territórios destas aves.

Em seguida serão detalhadas algumas das medidas que poderão contribuir para a melhoria de alguns dos requisitos atrás mencionados.

Melhoria dos recursos alimentares

A criação de zonas com elevada diversidade de insectos pode ser alcançada com a criação de uma estrutura de habitat em mosaico, criando zonas intercaladas de vegetação, com diferentes alturas e densidades de vegetação herbácea e arbustiva, por forma a permitir, não só a existência de vegetação rica em insectos e outras presas, mas também áreas onde a vegetação mais baixa possa permitir mais facilmente a sua captura. A manutenção de zonas com vegetação alta pode ser muito importante para determinados grupos de insectos. Contudo, a manutenção de zonas de vegetação pouco densa é igualmente de extrema importância e conveniência.

A utilização do pastoreio pode ser outra forma de gerir e proporcionar diferentes tipos de coberto, sobretudo, porque é gerida a altura da vegetação. Todavia, o encabeçamento terá de ser correctamente gerido, pois uma má condução acarretará impactos nalguns grupos de insectos, como os Orthoptera. Um encabeçamento baixo resulta na manutenção de áreas com vegetação mais alta, evitando um sobrepastoreio. A utilização do pastoreio a par de rotações de culturas (2 a 5 anos) devem constituir umas das estratégias a seguir para a manutenção de diferentes estruturas de vegetação. Supõe-se que a vegetação alta deve ser mantida até 20% da área total a ser gerida, por forma a maximizar as populações de insectos. Por exemplo, a manutenção de faixas entre 2 a 3 metros em redor de sebes naturais ou artificiais pode ser uma estratégia a seguir. A manutenção de arbustos lenhosos também pode ser de extrema importância para alguns insectos. Podem ainda ser criados alguns habitats específicos para determinados grupos, como por exemplo, através do empilhamento de madeira, vegetação morta, entre outros materiais.

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