Ecologia e Conservação da Andorinha-do-mar-anã nas Salinas de Castro Marim e Cerro do Bufo

Teresa Catry
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Nas salinas do Cerro do Bufo, a maior sincronia das posturas ocorreu na primeira quinzena de Junho. No entanto, esta sincronia não evitou que quase todos esses ninhos fossem destruídos na quinzena seguinte, provavelmente num único evento de destruição, dada a grande proximidade dos ninhos e a simultaneidade da destruição.

A perturbação humana ligada à actividade salineira e as flutuações do nível de água das salinas foram anteriormente considerados os principais factores responsáveis pelo insucesso reprodutor da espécie em habitat de salinas, nomeadamente nas salinas de Castro Marim (Araújo e Pina 1984, Teixeira 1984, Calado 1989).



No presente estudo, estes factores tiveram um impacto reduzido, sendo responsáveis pela destruição apenas de 8.6% (n=7) do total das posturas. O período de maior actividade humana nas salinas não coincidiu com o período mais crítico da nidificação da Andorinha-do-mar-anã. O processo da exploração de sal teve início nos primeiros dias de Maio, com a limpeza das caldeiras e das superfícies cristalizadoras, tendo já terminado quando as aves começaram as suas posturas (em meados de Maio). Por sua vez, a extracção do sal começou na segunda quinzena de Junho nalgumas salinas artesanais, quando já não existiam posturas neste tipo de salinas; nas salinas do tipo semi-industrial, onde a reprodução se prolongou até ao início de Julho, este processo só se iniciou na segunda quinzena de Julho, tendo-se prolongado até ao final de Setembro.

No que respeita a flutuações no nível de água das salinas, este não parece ser um factor preocupante na área de estudo, uma vez que as Andorinhas-do-mar-anãs nidificam nos cômoros, bem acima do nível de água, e não nos próprios tanques abastecedores. Maior importância tem a queda de ovos para dentro dos tanques nalgumas salinas de cômoros com reduzida largura e grande inclinação, problema este já identificado em estudos anteriores (Dias 1999).

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