Floresta, Ciclo do Carbono e Alterações Climáticas

Alexandra Cristina Pires Correia
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As incertezas que persistem têm gerado divergências de opiniões entre os países, principalmente no que diz respeito à definição e adopção de estratégias de adaptação e mitigação. Algumas questões permanecem em aberto:

- PROBLEMA DO "EFEITO DE RUÍDO"
Um dos principais problemas com que se debatem os cientistas é o facto de não existir uma forma directa de observar o que teria acontecido ao clima se não tivessem ocorrido influências da acção humana. Desta forma, não existe maneira de comparar as presentes alterações verificadas, com um possível "efeito de ruído" causado por uma variabilidade climática natural.


- "SOURCES" E "SINKS" TERRESTRES : COMPORTAMENTO NO ESPAÇO E NO TEMPO
Dada a dificuldade de previsão do comportamento das fontes e sumidouros (sources e sinks) dos ecossistemas da Terra num espaço temporal de 100 anos, pode especular-se sobre vários cenários para o ciclo de carbono terrestre. É contudo difícil prever, com margem de erro razoável, o que irá de facto acontecer. Como irão reagir as principais fontes e sumidouros de carbono face às alterações climáticas? Sabe-se, por exemplo, que as florestas não só representam o principal reservatório de carbono como respondem positivamente ao aumento de concentração de CO2 atmosférico, através de aumentos nas taxas de crescimento (veja-se o que tem acontecido nas florestas do norte e centro da Europa, com aumentos substanciais de produtividade em consequência do aumento de CO2, aquecimento e deposição de azoto). Mas, até que ponto o aumento da área e da produtividade florestais pode compensar o aumento nas emissões antropogénicas de CO2? Sem dúvida que as acções de florestação/reflorestação terão que respeitar outros princípios inerentes à qualidade ambiental (por exemplo, manutenção dos recursos hídricos e da biodiversidade).


- CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E ECONOMIA MUNDIAL vs ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO E MITIGAÇÃO
As alterações da composição da atmosfera e dos ciclos biogeoquímicos, como o do carbono, estão muito dependentes do crescimento da população e do desenvolvimento económico e tecnológico. Face ao crescimento demográfico e à expansão da economia mundial, é necessário adoptar medidas no que respeita à eficiência de utilização da energia, e proceder a alterações noutros sectores da economia, de modo a limitar as emissões de CO2 e a aumentar a capacidade de sumidouro da biosfera através da preservação e aumento das áreas florestais. Por outro lado, parece necessário desenvolver simultaneamente estratégias de adaptação às alterações climáticas e de cooperação na investigação científica. Reduções significativas nas emissões líquidas de gases de estufa são tecnicamente possíveis, usando um conjunto de políticas e medidas que acelerem o desenvolvimento e a transferência de tecnologia. A ratificação do protocolo de Quioto que deverá ocorrer, na melhor das hipóteses, em 2002 representará certamente um progresso na redução das emissões. Se algum dia ele for posto em prática !.

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