Esquilos e Fogo Controlado - Em busca das pinhas roídas pelo Esquilo-vermelho

Ana Delgado, Centro de Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves-ISA
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Verificámos que nas áreas ardidas o número de pinhas roídas diminui logo após o fogo, aumentando nas áreas não queimadas (Figura 1). Este facto sugere que o esquilo prefere as áreas não queimadas, apesar de existir, aparentemente, uma maior disponibilidade de pinhas no solo nas zonas recém-queimadas, provocada pela queda de pinhas e também por se verificar uma maior detectabilidade de pinhas no solo (devido a uma menor cobertura da vegetação causada pelo fogo). (Figura 2)

 


Figura 1. Número de pinhas roídas pelo esquilo antes e após o fogo controlado, na área queimada (linha descontínua) e não queimada (linha contínua).


Figura 2. Número de pinhas disponíveis no solo para o esquilo antes e após o fogo controlado, na área queimada (linha descontínua) e não queimada (linha contínua).


Para os esquilos que utilizaram as áreas queimadas, queríamos perceber se estes preferiam as pinhas queimadas ou as não queimadas. Verificámos que, logo após o fogo, os esquilos roíam as pinhas queimadas mas deixaram de roê-las pouco tempo depois, quando as pinhas não queimadas começaram a estar disponíveis (Figura 3), sugerindo assim que os esquilos roem as pinhas queimadas, não por as acharem especialmente saborosas mas provavelmente por não terem alternativa.


Figura 3. Proporção de pinhas roídas após o fogo controlado, na área queimada.


Deste modo, este estudo sugere que as áreas ardidas não são importantes para o Esquilo-vermelho. Dada a sua abundância, na região o fogo controlado parece não afectar a população de esquilos. A pequena dimensão das parcelas queimadas fogos (área média das parcelas estudadas: 3ha) permite ao esquilo recorrer à área circundante ao fogo para procurar alimento (área vital do esquilo em média 7ha).


Agradecimentos

Estiveram envolvidos no projecto "Efeito do fogo controlado nas populações de vertebrados terrestres" o Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves” do Instituto Superior de Agronomia, ERENA Ordenamento e Gestão de Recursos Naturais, Lda., e a Escola Superior Agrária de Coimbra.

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