Selecção de Habitat do Francelho-das-torres numa Área de Pseudo-estepes na Região de Castro Verde

Inês Catry
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Os resultados obtidos neste estudo permitem afirmar que não existe uma exploração aleatória dos habitats pelo Francelho-das-torres e que o uso dos diferentes biótopos não reflecte a disponibilidade dos mesmos. De facto, parecem existir preferências claras por determinados biótopos.

 


Mesa de uma das antenas fixas





Relativamente ao período anterior ao início das ceifas, a selecção positiva dos pousios poderá ser explicada pela maior acessibilidade das presas neste tipo de biótopo. O elevado sucesso de caça em áreas abertas e com vegetação rasteira é referido como responsável pela eleição destes locais (Donázar et al. 1993, Tella et al. 1998). A razão pela qual o pousio de 1 ano (P1) foi menos utilizado poderá estar relacionado com o facto das parcelas deste biótopo coincidirem com áreas muito pastoreadas e, consequentemente, com menor disponibilidade de alimento. Também a aveia foi seleccionada neste período, reflectindo que em locais muito próximos da colónia, os habitats poderão ser seleccionadas não pela maior disponibilidade e/ou acessibilidade das presas, mas pela sua proximidade à colónia.

Para determinar as preferências dos francelhos foi calculado o índice D de Jacobs, que compara a percentagem de localizações em cada habitat com a disponibilidade dos mesmos na área de estudo. Este índice foi calculado para diferentes distâncias à colónia.

Os resultados obtidos neste estudo permitem afirmar que não existe uma exploração aleatória dos habitats pelo Francelho-das-torres e que o uso dos diferentes biótopos não reflecte a disponibilidade dos mesmos. De facto, parecem existir preferências claras por determinados biótopos.

 


Seara de Trigo



Relativamente ao período anterior ao início das ceifas, a selecção positiva dos pousios poderá ser explicada pela maior acessibilidade das presas neste tipo de biótopo. O elevado sucesso de caça em áreas abertas e com vegetação rasteira é referido como responsável pela eleição destes locais (Donázar et al. 1993, Tella et al. 1998). A razão pela qual o pousio de 1 ano (P1) foi menos utilizado poderá estar relacionado com o facto das parcelas deste biótopo coincidirem com áreas muito pastoreadas e, consequentemente, com menor disponibilidade de alimento. Também a aveia foi seleccionada neste período, reflectindo que em locais muito próximos da colónia, os habitats poderão ser seleccionadas não pela maior disponibilidade e/ou acessibilidade das presas, mas pela sua proximidade à colónia.

Com o início da época das ceifas, em meados de Junho, a maior acessibilidade das presas, derivada do corte do cereal, explica que mais de 50% das localizações estejam situadas nestes biótopos (aveia e trigo). De facto, neste período observaram-se os maiores bandos de francelhoss em actividade de caça, seguindo sistematicamente as ceifeiras e as enfardadoras. A caça nos restolhos de trigo e aveia, perseguindo as ceifeiras, é referida por vários autores (Bijlsma et al. 1988, Rocha 1995) e parece ser de grande importância num período em que a alimentação das crias requer grandes quantidades de alimento. A abundância de insectos nos campos que estão a ser ceifados é tão grande que os francelhos chegam a deslocar-se a vários quilómetros da colónia para obter alimento. Neste período, também os pousios continuam a ser seleccionados, constituindo locais favoráveis de caça, essencialmente em dias em que não há ceifa.

 


Fêmea de Francelho-das-torres


Em toda a área de estudo a aveia foi o primeiro cereal a ser ceifado (início da ceifa a 21 de Junho), coincidindo com o pico da alimentação da maioria das crias (data média de eclosão -10 Junho) e, por esta razão, as áreas de restolho deste biótopo poderão ter sido mais utilizadas comparativamente às áreas de trigo, ceifadas posteriormente, quando a necessidade de alimento era menor.

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