O Lince-ibérico no Vale do Sado

Miguel Monteiro
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Quer os locais que proporcionam abrigo para o lince (bosque e matagais), quer aqueles em que os coelhos são abundantes (áreas mais abertas de mato com algumas pastagens), são na sua maioria zonas de regime cinegético especial (associativo ou turístico). Neste contexto, a conservação do lince nesta região é um problema bastante delicado: a presença de locais de abrigo é cada vez mais um factor limitante e estes, quando existem, são áreas de caça constituindo por isso um perigo permanente para os 6-10 indivíduos estimados para esta região.

Existem já há 3 anos contratos de gestão entre o ICN e zonas de caça nas serras algarvias - onde se encontra o maior número de linces existentes em Portugal (15-25).

Os contratos contemplam a construção de abrigos, plantação de searas e criação de pontos de água, com vista ao aumento do número de coelhos. Em 1998 efctuou-se também um repovoamento de coelhos.

De momento, não estão agendados contratos semelhantes para o Vale do Sado. Nesta região, as manchas de habitat favorável não estão incluidas em nenhuma área protegida e mais de metade falhou a inclusão na Rede NATURA 2000. Assim, a conservação do lince nesta região passa inevitavelmente, e a curto prazo, por uma cooperação com as zonas de regime cinegético especial.

Fig. - Probabilidade de ocorrência do Lince-ibérico no Vale do Sado. 

O aumento da densidade de coelhos interessa tanto a conservacionistas como aos gestores da caça. Os primeiros desejariam que fossem mantidas as manchas de bosque mediterrânico e que a caça fosse restringida em algumas áreas ou em algumas épocas do ano. Os segundos beneficiariam de apoio técnico quer em campanhas de vacinação de coelhos, quer na gestão das populações desta e doutras espécies cinegéticas (quantos animais se podem retirar anualmente das populações, de que idades, que espécies se adequam a que habitats, protocolos de repovoamentos, etc).

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