Serras de Valongo - um património natural a descobrir e conservar

Manuel Nunes (texto) e Jorge Nunes (fotografia)
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A salamandra-lusitânica

A salamandra-lusitânica é um pequeno e singular anfíbio (12 a 15 cm) da família Salamandridae, de pele muito brilhante e escura com duas listas douradas no dorso e olhos negros salientes, cujo elevado interesse científico e conservacionista advém do facto de possuir certas características que não se evidenciam em nenhuma outra espécie de salamandra da região peninsular, como seja a capacidade de libertar a cauda quando em perigo (autotomia) e, posteriormente, regenerá-la. De hábitos terrestres e actividade essencialmente nocturna, embora possa também ser observada durante o dia em locais de fraca luminosidade e muita humidade, a salamandra-lusitânica habita em zonas montanhosas (em altitudes inferiores a 1500 m), nas áreas de clima atlântico, com reduzida influência mediterrânica ou continental e elevada pluviosidade (precipitação anual superior a 1000 mm), junto a ribeiros de água corrente com farta vegetação ribeirinha, sobretudo quando estes se localizam nas proximidades de represas, minas ou cavidades naturais. Alimenta-se de insectos, aracnídeos e moluscos de pequenas dimensões. Endémica da Península Ibérica, em Portugal a espécie ocorre na região montanhosa noroeste, tendo como limite sul da sua área de distribuição, o rio Tejo. Na área das “serras de Valongo” a espécie é relativamente abundante, embora seja de difícil observação, uma vez que habita, sobretudo, as galerias do interior dos fojos e as minas de água. Além disso, e como resposta a condições ambientais desfavoráveis (excesso de calor e baixa humidade durante o Verão e temperaturas baixas durante o Inverno), os indivíduos desta espécie podem passar por longos períodos de inactividade, o que torna ainda mais difícil a sua detecção, uma vez que, nessas alturas, tendem a refugiar-se no interior de cavidades naturais, em busca de protecção.

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