Serras de Valongo - um património natural a descobrir e conservar

Manuel Nunes (texto) e Jorge Nunes (fotografia)
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No entanto, e pese embora diversos problemas em termos de conservação do património natural, o valor ecológico deste espaço montanhoso encontra-se bem vincado pela sua inserção na rede europeia do Projecto Biótopos CORINE, pela criação, nas serras de Santa Justa e Pias, do Parque Paleozóico de Valongo (PPV) – o PPV é, de resto, a face mais visível da implementação de dois Projecto LIFE, envolvendo a Câmara Municipal de Valongo, como entidade promotora, e a Faculdade de Ciências do Porto, através dos seus departamentos de Geologia, Zoologia, e Botânica, e o FAPAS como entidades colaboradoras, dos quais resultaram, para além da criação do PPV no sentido de preservar as jazidas fossilíferas de Valongo, em particular as trilobites, a inventariação do património natural, com realce para a flora e para os anfíbios, a mapeação das áreas ambientalmente mais valiosas e/ou sensíveis e o planeamento de acções a empreender pela autarquia de Valongo para a preservação dos valores ambientais desta área montanhosa – mas também, e sobretudo, pela inclusão de 2553 ha deste espaço montanhoso na 1ª Fase da Lista Nacional de Sítios da Rede Natura 2000, sob a designação de “Valongo”, ao abrigo da Directiva Habitats (92/43/CEE).

Dos vários biótopos das “serras de Valongo”, os fojos merecem uma referência muito particular, não tanto por constituírem testemunhos históricos que atestam a presença e actividade industrial romana nesta região do território português entre os séculos I a. C e V d. C., como se verifica pelos vestígios arqueológicos, sobretudo utensílios de utilização no trabalho de mineração, como lucernas, vasos de cobre, etc., encontrados no interior de algumas destas minas, mas sobretudo por acolherem um conjunto único de pteridófitos (fetos), albergarem uma importante população de salamandra-lusitânica, e constituírem locais de abrigo fundamentais para algumas espécies de Quirópetros cavernícolas, nomeadamente o morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus ferrumequinum) e o morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposiderus), ambas espécies consideradas “Em Perigo”.

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