À Descoberta da Rota da Água e da Pedra

Paulo Pereira (Texto) e João Cosme (Fotografia)
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Património geológico

O património geológico das Montanhas Mágicas® é impar e justificou já a classificação e integração do território correspondente à área administrativa do município de Arouca, nas redes europeia e global de geoparques sob os auspícios da UNESCO.
As livrarias quartzíticas que acompanham as duas margens da ribeira do Deilão (nas aldeias da Pena, Covas do Monte, Fragoselas, Pereiró e Janarde) impressionam pelas suas dimensões e pela perfeição geométrica das suas lajes. As gargantas e canhões marcam o vale do Paiva e o vale de alguns rios de Montanha como o Teixeira, o Caima e o Bestança; a erosão caprichosa da serra produziu pedras boroas e taffoni, escavando sulcos e cavidades na rocha dura. As pedras cebola e os monólitos constituem ainda elementos marcantes da paisagem, que chegam mesmo a dar nome às povoações como é o caso das Talhadas, em Sever do Vouga.

Fig. 5 - Pedra Boroa

No planalto da serra da Freita, junto à aldeia da Castanheira, ocorre o fenómeno geológico mais surpreendente de todo o território das Montanhas Mágicas: as pedras parideiras. Estas pedras são uma manifestação geológica muito rara, ocorrendo apenas em Portugal e na Rússia, e nelas a pedra mãe, em granito, alberga um enorme nódulo de biotite (pedra filha), que por ação da temperatura acaba por se desprender da mãe, o que origina o nome pelo qual são conhecidas. Este fenómeno geológico pode, hoje, ser melhor compreendido, no centro de interpretação Casa das Pedras Parideiras, junto ao respetivo geossítio.

 

Fósseis e icnofósseis

Os fósseis nesta região são também excecionais. Do carbonífero, em Castelo de Paiva, encontram-se cerca de 100 espécies de fetos fossilizados em excelente estado de conservação. Surpreende o detalhe que ficou gravado de cada um destes espécimes, com mais de 300 milhões de anos.

Fig. 6 - Fossil de feto


Mas os fósseis mais importantes aqui encontrados são os Trilobites Gigantes de Canelas. Os trilobites são artrópodes que viveram há cerca de 480 milhões de anos em águas pouco profundas dos oceanos. O que surpreende nos trilobites achados numa pedreira em Canelas é o seu estado de conservação e a sua dimensão, já que são os maiores trilobites fósseis encontrados em todo o mundo. É possível conhecer de perto estes seres excecionais no Centro de Interpretação e Investigação Geológica de Canelas e Museu de Trilobites.

Fig. 7 - Fóssil de trilobite gigante

Nas cristas quartzíticas presentes na Rota da Água e da Pedra (vale do Deilão, Canelas e serra de São Cristóvão) podemos observar icnofósseis, maioritariamente cruzianas, moldes deixados pela ação de trilobites na lama do fundo dos oceanos. Na RAP podemos contemplar estes rastros com 480 milhões de anos, no alto da serra de São Macário, nas livrarias da Pena ou no vale do Paiva. Surpreendem, pela sua dimensão e concentração de icnofósseis, algumas lajes quartzíticas encontradas no vale da ribeira da Pena.

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