Silves, a Xelb islâmica

Leonor de Almeida (texto) e José Romão (fotos)
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Depois da visita ao Museu, sobe-se pela Rua da Sé. Chega-se à velha catedral pelas pedras de calcário rosa que calcetam a rua. Salta à vista o contraste entre a pedra ruiva do portal ogival (o grés de Silves) e a cal branca da parede envolvente. O monumento tem três naves, também em tom rosa, com alguns túmulos bispais, um deles atribuído a D. Rodrigo da Cunha, bispo de Vila do Bispo, localidade que fica a dois passos de Sagres. Diz-se que a Sé foi construída sobre a mesquita moura, por ordem de Afonso X, o Sábio, rei de Castela e senhor do Algarve, segundo o direito feudal, uma questão que só ficaria resolvida a favor dos portugueses em 1253, graças à intervenção do papa Inocêncio IV. Foi Sé Catedral do Algarve até ao século XVI, altura em que a sede do bispado passou para Faro. Diz-se que o bispo se mudou para Faro, incomodado com a gente local que não ligava muito ao credo e que ao passar a delimitação do concelho de Silves, atirou fora as sandálias que pisaram aquele chão estéril.


Fotografias de José Romão 

O grés rosa acompanha-nos até chegar à alcáçova do Castelo, onde estão a ser feitos intensos trabalhos arqueológicos, que permitiram trazer à luz uma malha urbana construída pelos árabes, entre os séculos XI e XIII. E podem visitar-se também grandiosos silos subterrâneos, onde os habitantes de Xelb guardavam os seus cereais. Um percurso circular pelo caminho da ronda dá-nos a noção da implantação de Silves numa pequena colina rodeada de terras de cultivo. Lá ao longe é visível o dorso azulado da Serra de Monchique e também as curvas suaves das colinas do Enxerim. Deste local privilegiado de observação, uma outra cisterna é visível. E há também que apreciar o cheiro que vem do mar, que se mistura com o perfume da esteva. Mas se lançarmos um olhar sobre a cidade notaremos que está bastante degradada e a necessitar, eventualmente, de alguns fundos comunitários, a par de um bom plano de recuperação urbana.

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