Silves, a Xelb islâmica

Leonor de Almeida (texto) e José Romão (fotos)
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Silves está afastada das rotas do Algarve turístico e ainda não há muita gente que queira apostar nesta velha urbe, que foi a " Bagdad do Ocidente". Resta o interior das muralhas, que mantêm as suas velhas características e cujas fachadas seculares são o seu certificado de nobreza. Ali pontifica o Museu Arqueológico Municipal, inaugurado em 1990, uma obra notável, pacientemente organizado pelo historiador Varela Gomes. Num magnífico espaço amplo e luminoso, construído à volta de um poço-cisterna árabe, foram dispostos, de uma forma inteligente e agradável de apreender, os achados arqueológicos desde a Idade do Bronze até 1249, o ano da reconquista da cidade por D. Sancho I. Através de uma gigantesca parede de vidro podemos ver o que resta da muralha almóada de Silves. Aqui respira-se a grandeza da Xelb dos séculos XII e XIII, quando "era opulenta em tesouros e formosa em construções", como escreveu Oliveira Martins. Foi também importante pólo dinamizador da poesia árabe - andaluza e o principal ponto de penetração da civilização árabe no que viria a ser o Portugal cristão. A memória das suas grandezas passadas persiste de tal modo no mundo muçulmano, que ainda hoje Silves se faz representar nos congressos das cidades islâmicas, como aconteceu em Teerão, em 1997.


Fotografias de José Romão 

Andar por Silves é, assim, contactar com vários períodos da História num pequeno espaço. Pode-se entrar nas muralhas pela Porta da Sé ou Almedina, uma magnífica arcada quadrangular de tijolo, brecha aberta na muralha. Tendo desaparecido a traça primitiva, guarda mesmo assim um encanto muito particular, talvez pela ineditismo da sua forma.

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